13 de jul. de 2016

MAESTRICK - Os muitos lados do Prog Metal



Por Marcos "Big Daddy" Garcia

Na história do Metal, vale a máxima norte-americana: "who dares wins", ou seja, aquele que ousa vence. E mesmo em um momento em que o Metal anda estagnado, com bandas e mais bandas tentando emular as sonoridades dos anos 70 e 80, ainda existem aqueles que ousam expandir fronteiras.

Um desses nomes é o do grupo MAESTRICK, de São José do Rio Preto (SP), que após o excelente "Unpuzzle!" de 2011, retornou com o EP "The Trick Side Of Some Songs", disponível para download gratuito e composto de covers de bandas consagradas como QUEEN, YES, JETHRO TULL e outros.

Mesmo assim, o grupo já se encontra na fase de preparação para o novo disco e abriram um tempinho na agenda, e Fábio (vocais, teclados) e Renato Montanha (baixo, vocais) nos atenderam para um bate-papo bem interessante.


BD: Oi pessoal. Antes de tudo, queria agradecer a oportunidade de entrevistar vocês. A primeira pergunta é de praxe: como o MAESTRICK surgiu, e qual a idéia que tinham no início? Já imaginavam a música no nível que compuseram para "Unpuzzle!"?

Montanha: Nós que agradecemos a oportunidade de fazer esta entrevista. Bem, eu e o Fabio nos conhecemos desde os 8 anos de idade e temos banda juntos desde esta época. Então depois de algumas experiências com diferentes grupos formamos uma com o nome de Ramsés II. Depois de um tempo o nosso baterista saiu e entramos em contato com o Heitor Matos, que topou fazer parte do projeto. A partir deste ponto decidimos repaginar a banda e criar um disco. Nós fizemos vários ensaios nos inspirando na temática criada para o disco “Unpuzzle!”, mas não ficamos presos somente ao conceito e sim a qual sentimento as músicas nos passariam. Então seguindo esta linha, trabalhamos as composições até entrar em pré-produção. Já no estúdio com o produtor Gustavo Carmo, lapidamos os arranjos e trabalhamos para fazer algo que fosse honesto conosco e com o público, e eu acredito que isto acabou aparecendo como resultado final, porque não tentamos soar como nenhuma banda e sim tentamos criar algo novo. Quando tivemos o feedback do público foi maravilhoso, tínhamos conseguido mostrar  nossas influencias sem parecer uma cópia.

Fabio: Nós é que temos que agradecer a gentileza do convite e o espaço para falarmos do MAESTRICK. Como o Montanha disse, nós desde o início nos preocupávamos em fazer algo de dentro pra fora, ou seja, algo espontâneo, que nos representasse como pessoas e consequentemente como artistas. Embora muito novos, nós já tínhamos passado por várias experiências em outras bandas, e isso nos fez entender que simplesmente copiar alguém ou uma outra banda não nos deixaria satisfeitos. É claro que essa é foi a forma que nós encontramos de nos realizar, não é uma fórmula e muito menos uma crítica a quem busca o oposto. O “Unpuzzle!” foi simplesmente, se é que eu posso usar essa palavra (rs), a confirmação dessa proposta. Acho que nós estávamos tão seguros do que queríamos, que tudo fluiu naturalmente. Com certeza nós acreditávamos nas músicas, como ainda acreditamos, mas tudo saiu melhor do que imaginávamos e devemos muito ao Gustavo Carmo, que foi o produtor do disco.


BD: Ainda falando de "Unpuzzle!", como foi a repercussão e recepção do disco por parte de público e crítica? E ele chegou a ganhar uma versão gringa em 2013 pela Power Prog, certo? Como foi o feedback do exterior?

Montanha: A repercussão foi ótima em ambas as partes, tivemos ótimos reviews da imprensa e do público e as vendas do disco nos deixaram bem satisfeitos.

Em 2013 assinamos com a Prog Power que nos colocou no mercado fora no Brasil e tivemos um feedback positivo de lugares que nem sonhávamos alcançar como Alemanha, Japão e Tailândia.

Fabio: Na época nós costumávamos falar uns pros outros que é necessário um certo grau de desapego com o disco que você acaba de lançar. Isso porque a partir do momento que sai, já não é mais seu. É algo que você entrega para o mundo e espera que captem tudo de bom que você depositou ali e pronto. Mas é surpreendente ver a proporção que as coisas podem tomar. Recebemos críticas totalmente positivas, de várias partes do mundo, e era algo que sonhávamos, mas da forma como foi eu só consigo descrever com a palavra gratidão.  


BD: Aquela perguntinha meio chata: em termos de projeção e compensações pessoais, esses anos entre o lançamento de "Unpuzzle!" e o EP "The Trick Side Of Some Songs" lhes permitiu ver quais os frutos do disco? O resultado foi positivo? Quero dizer, em tudo, ficaram satisfeito com as metas atingidas?

Montanha: Os resultados foram atingidos, ficamos felizes com as vendas e parcerias feitas com o disco que nos proporcionaram frutos para o próximo disco.

Fabio: Nós temos a seguinte ideia e procuramos aplicá-la em todas os desdobramentos que nosso trabalho possa ter: Não pular etapas! Nós entendemos que cada etapa que você está, proporciona uma ou mais lições que são essenciais para atingir o que se busca. Então olhando para trás, considero que o resultado foi sim positivo, até acima do que esperávamos. 


BD: Hora de falar sobre o EP: por que o nome "The Trick Side Of Some Songs"? Existe algo de mais profundo na escolha?

Montanha: O nome reflete a forma “MAESTRICK” de interpretar canções, nós não queríamos lançar um disco com cópias das músicas, e sim mostrar algumas das nossas influências executando do “modo MAESTRICK de tocar”.

Fabio: O nome do EP é algo que gostamos muito de fazer, trocadilhos com palavras e nesse caso foi o disco “The Dark Side Of The Moon” do Pink Floyd a “vítima” (rs). O sentido é exatamente esse que o Montanha explicou, de mostrar do nosso ponto de vista, obviamente de forma respeitosa, às versões originais de bandas que nos influenciaram e influenciam.

BD: Em termos de disco, as bandas que fazem discos com covers em geral preferem o formato de álbum completo, mas vocês preferiram um EP. Por que? Motivos de grana ou realmente eram apenas essas que desejavam gravar?

Montanha: Nós queríamos mostrar algumas influências da banda. Se fosse financeiramente viável, poderíamos gravar até um CD duplo (rs), mas a proposta era mostrar um pouco da nossa base musical.

Fabio: Sempre falamos sobre a possibilidade de registrar versões de outras bandas, e vimos essa oportunidade agora, porque não seria interessante um hiato maior sem material novo entre o primeiro disco, “Unpuzzle!”, e o segundo que está em gravação. No final acabou sendo como um “ritual” de passagem, para nos desvencilhar do outro projeto e começar um novo. A quantidade de músicas foi mais pelo tempo hábil que tínhamos, pois já estávamos com estúdio reservado para começar o disco novo. Mas quem sabe isso não se torna uma tradição no MAESTRICK, de lançar um “Trick Side” entre os discos autorais. Foi uma escola e tanto pra nós.


BD: E como se deu a escolha das músicas? Alguma motivação específica?

Montanha: Nós escolhemos, na maioria, músicas que já faziam parte do nosso repertório e músicas que não haviam muitas versões, por exemplo, quando se pensa em Queen, logo vem a cabeça os grandes clássicos. Mas mostramos outras músicas fantásticas que não seriam o alvo principal para fazer um cover.

Fabio: Além disso, nos preocupamos em dar um sentido ao EP, de começo, meio e fim. Temos uma música mais crua como a "Ogre Battle", outra Folk como a "Aqualung", outra mais progressiva como o medley do Yes e assim achamos que encontramos um equilíbrio além das nossas influências, da sequência que as músicas seriam apresentadas.


BD: Um dos pontos que mais chama a atenção é a versão para "Rainbow Eyes", do RAINBOW, utilizando arranjos orquestrais e uma elegância ímpar. Como foi que pensaram na utilização de uma orquestra na música?

Montanha: O Fabio pensou em acrescentar mais camadas de instrumentos, pois a música apresenta uma estrutura sem muitos instrumentos, como, por exemplo, a bateria que esta ausente na música original, e assim foi-se tecendo a ideia de colocarmos uma banda e orquestra pra aumentarmos as camadas e só salientar com um outro ponto de vista a grandeza desta música.

Fabio: Muito obrigado pelo elogio, isso nos deixa muito felizes. A versão original da música tem um arranjo de cordas e de flauta, então não tínhamos outra forma de fazê-la se não com uma orquestra de verdade.


BD: Aproveitando que falamos da orquestra, como conseguiram a participação da Orquestra OBA (Orquestra Belas Artes) e do maestro Andrea Porzio Vernino para a canção?

Fabio: Eu fui aluno de piano do Andrea por uns meses e sabia que ele regia uma orquestra de jovens em uma escola daqui da cidade. Aí comentei que o MAESTRICK iria fazer um tributo ao Dio e perguntei se eles não topariam participar. Acho que já sabemos o que ele respondeu né?! (rs)


BD: Ainda sobre as músicas do disco: por que um medley do YES? Dificuldades em escolher uma só, ou o tamanho das músicas em si? O YES tem algumas músicas grandiosas, mas que realmente são imensas.

Fabio: O YES é uma banda sensacional e somos muito fãs. Queríamos registrar algum clássico, mas quando começamos a tirar as músicas, percebemos que elas tinham muito mais detalhes do que imaginávamos, sem repetição de arranjos, e não teríamos tempo para nos dedicar a ponto de tirar uma canção inteira. A solução veio na forma do medley, que reuniria apenas partes de algumas músicas. Mas depois de ter feito assim, confesso que não sei dizer se deu menos ou mais trabalho. (rs)

De qualquer forma foi uma experiência e tanto pra nós, e particularmente pra mim como cantor foi um desafio, porque a voz do Jon Anderson é muito particular, então eu não podia fugir da estética que ele impôs na música, mas não podia soar como uma cópia.

A pesquisa foi grande e procuramos dentro de cada sessão de cada música tornar tudo como se fosse uma só e não simplesmente uma junção de retalhos. Os encaixes entre uma parte e outra receberam bastante atenção e no final ficamos muito satisfeitos com o resultado.


BD: Outra: por que as duas partes de "The Ogre Fellers Master March"? Essas devem ter dado um trabalho imenso, já que músicas do QUEEN da época são bem difíceis de recriar...

Montanha: Nós gostamos muito do disco “Queen II”, e queríamos colocar as músicas inteiras, mas o EP ficaria muito grande. Então as mesclamos para funcionar dentro da proposta.

Fabio: Uns meses antes da gravação do EP, nós fizemos um show a convite do SESC, em um projeto de discos conceituais, e executamos na íntegra o disco “Queen II” do Queen. Aí aproveitamos que já sabíamos as músicas e registramos duas que mostram um lado mais cru do MAESTRICK e outra mais complexa, cheia de camadas de vocais e de instrumentos que é algo que gostamos de usar nas nossas composições também. Era pra ser outro medley e ficar em uma faixa só, mas decidimos na última hora separar a “Ogre” da “Fairy Fellers”, que já emendava com uma sessão da “March of The Black Queen”, que é considerada como o embrião da “Bohemian Rhapsody” pelos críticos, e isso explica a brincadeira com a frase final da música.


BD: Já para "While My Guitar Gently Weeps" (BEATLES) e "Aqualung" (JETHRO TULL), vocês pegaram duas composições que chegam a ser icônicas entre os fãs delas. Tá, eu sei que vocês, eu e até o Eliton Tomasi somos fãs dessas bandas (risos), mas havia alguma motivação para serem eles, ou houve aquela famosa "indecisão" na hora das escolhas?

Montanha: Nós gostamos dessas bandas e principalmente dessas músicas escolhidas, além delas já fazerem parte do nosso repertório há muito tempo. Então a escolha foi fácil.

Fabio: Além do que o Montanha disse, tem o fato de podermos mostrar um pouco do nosso lado Folk, no caso da “Aqualung”, que é algo que queremos explorar em futuros trabalhos também e no caso da “While”, queríamos uma música que evidenciasse mais a guitarra além dos outros instrumentos, que já tinham tido seu espaço nas outras faixas. Então deixamos a guitarra ser o carro chefe, com um espaço legal para um solo. O final dela surgiu porque ela seria a última música do EP antes da vinheta de encerramento. Então queríamos algo que passasse a ideia de um “gran finale”. 


BD: "The Trick Side Of Some Songs”  deve ter dado um trabalho enorme para ser feito, mas por que ele foi disponibilizado de graça na internet? E por que resolveram gravar um vídeo justo para "Rainbow Eyes"?

Montanha: Nós queríamos mostrar para o público que estamos trabalhando para lançar material novo e este EP foi só um “gostinho” do está por vir, por isso foi de graça. Sobre a “Rainbow Eyes”, foi uma escolha mútua por podermos mostrar a banda junto com uma orquestra.

Fabio: O EP é simplesmente um presente para o público que acompanha o nosso trabalho e uma homenagem a essas bandas que tanto fizeram para a história do Rock. Então não tinha como ser diferente, foi algo dado, de coração, do MAESTRICK para todos que se interessarem. A “Rainbow Eyes” entrou como bônus no EP, porque foi feita em um outro momento, de forma isolada, como tributo ao mestre Dio, quando se completaram cinco anos da sua passagem. O vídeo foi parte da homenagem, já que queríamos registrar tudo da melhor forma possível.


BD: Pelo tempo, e mesmo pelo que está no encarte do EP, já tem coisa nova vindo por aí, certo? Se sim, o que pode nos adiantar sobre o novo lançamento?

Montanha: Sim, estamos trabalhando a todo vapor no novo disco da banda. O disco será conceitual e duplo, a primeira parte sairá este ano e será assinada pelo produtor Adair Daufembach e estamos ficando extremamente felizes com o resultado.

Fabio: Exatamente! Como o Montanha disse, esse novo projeto será dividido em duas partes por conta do conceito, que é uma viagem de trem de um dia. O primeiro disco terá 12 músicas, representando as 12 horas do dia, e o segundo 12 músicas, representando as 12 horas da noite. Pesquisamos muito e levaremos a música do MAESTRICK para locais que ainda não visitamos. O nome da primeira parte desse projeto será “Espresso Della Vita: Solare”.


BD: Agradecemos demais pela entrevista, e o espaço é todo de vocês para sua mensagem final.

Montanha: Queremos agradecer a oportunidade de lhe dar esta entrevista e agradecer a todos nos acompanham e que em breve teremos mais novidades.

Fabio: O agradecimento é todo nosso! Muito obrigado pelas ótimas perguntas e desejo para todos o melhor! O trem já está a caminho e tenho certeza que será uma viagem incrível! Muita luz, paz e arte!


Baixem o EP "Trick Side of Every Story" na página oficial do MAESTRICK: http://www.maestrick.com.br/


Vejam o vídeo para "Rainbow Eyes", feito pelo grupo:



Mais Informações:

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